O ouro sempre foi visto como um porto seguro em tempos de incerteza econômica e instabilidade geopolítica. Em 2025, o metal precioso vinha se destacando novamente como um dos ativos mais valorizados do mercado, atingindo patamares históricos diante do aumento das tensões globais e da busca por proteção por parte dos investidores.
No entanto, uma reviravolta inesperada abalou esse cenário: o ex-presidente Donald Trump, em sua nova campanha de retorno à Casa Branca, anunciou um pacote agressivo de tarifas sobre importações. A notícia gerou um verdadeiro terremoto nos mercados financeiros, provocando uma forte liquidação de ativos — inclusive do próprio ouro, que despencou após bater recordes.
Neste artigo, vamos entender os detalhes por trás das novas tarifas, o que motivou a queda acentuada do ouro, quais números mostram a magnitude do impacto, e o que os investidores podem esperar nos próximos meses.
Sumário
O Ouro em Alta: Antes da Queda
Antes da interferência política, o ouro vivia um de seus momentos mais brilhantes. Impulsionado por uma série de fatores, o metal precioso chegou a ultrapassar a marca de US$ 3.160 por onça, atingindo níveis jamais vistos na história dos mercados.
Mas por que o ouro vinha subindo tanto?
- Inflação e política monetária: Com a inflação pressionando as principais economias do mundo e os bancos centrais mantendo uma postura mais cautelosa em relação aos juros, muitos investidores voltaram a olhar para o ouro como uma proteção natural contra a perda de valor da moeda.
- Geopolítica tensa: Conflitos como a guerra na Ucrânia, a tensão entre China e Taiwan e instabilidades no Oriente Médio também contribuíram para aumentar a demanda por ativos considerados “seguros”.
- Aversão ao risco: Em momentos de incerteza global, o apetite por risco diminui — e o ouro costuma se beneficiar, já que é um ativo tradicionalmente conservador.
Com esse cenário, analistas chegaram a projetar o ouro acima de US$ 3.500/onça até o final do ano. Mas aí, veio o baque.
Tarifas de Trump: O Que Foi Anunciado
O ex-presidente Donald Trump, em uma tentativa de marcar posição firme em sua nova campanha presidencial, fez um anúncio bombástico: um pacote tarifário agressivo sobre importações de diversos países, com impactos diretos sobre o comércio global.
As principais medidas incluem:
- 10% de tarifa sobre todas as importações para os Estados Unidos — uma medida abrangente que afeta desde commodities até produtos industriais e tecnológicos.
- 54% de tarifa sobre produtos chineses, reacendendo uma guerra comercial que já havia causado grandes turbulências nos mercados anos atrás.
- 20% de tarifa sobre produtos da União Europeia, atingindo parceiros estratégicos como Alemanha e França.
Essas medidas foram apresentadas como uma tentativa de “proteger a indústria americana” e combater o que Trump chamou de “concorrência desleal estrangeira”. No entanto, a reação do mercado foi imediata — e negativa.
Investidores enxergaram as tarifas como uma ameaça à estabilidade do comércio internacional, gerando forte aversão ao risco. O dólar se fortaleceu diante de outras moedas, bolsas globais recuaram e, surpreendentemente, o ouro também foi pressionado.
A Reação do Mercado: Ouro em Queda
Apesar de seu papel clássico como ativo de proteção, o ouro não escapou da forte correção dos mercados. Logo após o anúncio das tarifas, o metal precioso caiu de US$ 3.167,84 para cerca de US$ 3.041,11 por onça em questão de horas — uma queda de mais de US$ 120, que surpreendeu até os analistas mais experientes.
Mas o que motivou essa queda, se o cenário parecia propício para o ouro?
1. Realização de lucros
Com o ouro em alta há meses e muitos investidores surfando na valorização, o anúncio das tarifas foi visto como um gatilho para realização de lucros. Muitos preferiram vender para garantir ganhos, o que aumentou a pressão vendedora e acelerou a queda.
2. Fortalecimento do dólar
As tarifas reforçaram a ideia de que os EUA poderiam adotar políticas mais protecionistas, o que impactou diretamente o câmbio. O dólar se valorizou, e isso historicamente tem efeito negativo sobre o ouro, já que o metal é cotado na moeda americana. Quando o dólar sobe, o ouro tende a cair.
3. Aumento da volatilidade nos mercados
Com as bolsas em queda livre — o Dow Jones recuando mais de 1.600 pontos em um único dia — muitos investidores foram obrigados a liquidar posições em ouro para cobrir perdas em outras áreas, especialmente em mercados de ações e derivativos. Isso criou um efeito cascata.
4. Mudança na percepção de risco
Embora o ouro seja considerado um ativo seguro, movimentos muito bruscos no mercado podem alterar momentaneamente o comportamento dos investidores. Muitos acabam preferindo liquidez imediata em vez de manter posições em metais preciosos, especialmente diante da incerteza sobre o impacto econômico real das tarifas.
Além da queda no metal físico, ETFs de ouro, como o SPDR Gold Shares (GLD), também registraram saídas de capital expressivas. Fundos que vinham acumulando posições em ouro começaram a reduzir suas exposições, e isso ajudou a acentuar ainda mais a desvalorização.

Outros Mercados Também Sentiram
Embora o ouro tenha chamado a atenção com sua queda abrupta, ele não foi o único ativo a sofrer com o impacto das novas tarifas anunciadas por Donald Trump. O efeito dominó se espalhou rapidamente por diversos setores dos mercados financeiros globais.
Bolsas em forte queda
Nos Estados Unidos, os índices acionários reagiram de forma agressiva. O Dow Jones registrou uma queda superior a 1.600 pontos em apenas um dia, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq seguiram a mesma tendência, encerrando a sessão em queda de mais de 3% cada.
Empresas com grande exposição ao mercado internacional foram duramente atingidas. Apple, Nike, Amazon e General Motors estão entre as que mais recuaram, já que suas cadeias de suprimentos dependem fortemente de importações e exportações.
Aumento da volatilidade
O índice VIX, conhecido como o “índice do medo” de Wall Street, disparou. Esse indicador mede a volatilidade esperada para o mercado de ações e costuma subir em momentos de incerteza. Com o clima de tensão econômica, muitos investidores passaram a buscar ativos mais líquidos e defensivos.
Mercados emergentes pressionados
As economias emergentes também não escaparam. No Brasil, o Ibovespa caiu mais de 2%, puxado pela queda nas commodities e pelo receio de uma desaceleração no comércio global. O dólar voltou a subir frente ao real, reforçando a sensação de fuga de capitais.
Outros países da América Latina, bem como áreas da Ásia e da África, também viram suas moedas desvalorizar e suas bolsas recuarem diante da perspectiva de menor demanda global.
O Que Esperar Agora: Perspectivas para o Ouro
Com a correção do ouro e o aumento da tensão nos mercados, surge a pergunta: o ouro vai continuar caindo ou esse movimento foi apenas uma pausa em sua tendência de alta?
Análises divididas
Os analistas estão divididos. Alguns enxergam a queda como uma correção natural após uma alta muito acentuada. Outros, porém, veem o episódio como um sinal de alerta de que o ouro pode enfrentar mais pressão caso a guerra comercial se intensifique e o dólar continue a se valorizar.
Possíveis cenários
- Cenário otimista: se as tensões comerciais levarem a uma maior desaceleração global, os bancos centrais podem adotar uma postura mais dovish, com redução de juros, o que tende a beneficiar o ouro. Além disso, novos conflitos geopolíticos podem reacender o interesse por ativos de proteção.
- Cenário pessimista: com o fortalecimento do dólar e a perspectiva de juros altos por mais tempo nos EUA, o ouro pode enfrentar um ciclo de desvalorização, ao menos no curto prazo.
- Cenário neutro: o ouro pode entrar em um período de lateralização, com oscilações de preço dentro de uma faixa de suporte e resistência, aguardando novos gatilhos para um movimento mais definido.
Meta de longo prazo
Mesmo com a queda recente, alguns especialistas mantêm projeções ambiciosas: US$ 3.500 por onça ainda é visto como um objetivo viável, especialmente se o cenário global se deteriorar.
O Que Investidores Devem Fazer?
Diante de tanta volatilidade, é natural que investidores se perguntem: “o que fazer agora?”
Para quem já tem ouro na carteira
- Evite o pânico: o ouro continua sendo um dos ativos mais resilientes em ciclos de crise.
- Avalie o custo médio: se você comprou em valores mais baixos, talvez ainda esteja no lucro. Reavalie antes de vender.
- Considere reforçar posições: em alguns casos, momentos de queda podem representar oportunidades de entrada.
Para quem ainda não investe
- Diversificação é a chave: não coloque todos os ovos na mesma cesta. O ouro pode ser uma boa proteção em cenários de crise.
- Escolha o melhor veículo: ouro físico, ETFs, fundos de ouro e ações de mineradoras são algumas opções. Avalie custos, liquidez e perfil de risco.
Olho no curto e no longo prazo
O mais importante é entender que o mercado de ouro, assim como outros, é cíclico. O movimento de queda pode ser temporário. Ter uma visão de longo prazo é essencial para não tomar decisões precipitadas.
Conclusão
A queda do ouro após o choque de tarifas de Trump mostra como os mercados estão sensíveis a mudanças políticas e econômicas. Mesmo um ativo tradicionalmente considerado seguro pode enfrentar turbulências diante de movimentos abruptos como os que vimos recentemente.
Ainda assim, o ouro segue como uma peça importante na composição de carteiras diversificadas, especialmente em tempos incertos. O momento pede cautela, análise e estratégia.
Para os investidores, o recado é claro: acompanhe os desdobramentos, fique atento aos dados econômicos, e use a informação a seu favor. O mercado muda rápido — e quem está bem informado sai na frente.
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