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Educação financeira para jovens: 5 hábitos que todo mundo devia aprender na escola

Você já parou pra pensar por que ninguém te ensinou na escola como lidar com dinheiro? Aprendemos a fazer equações, decorar fórmulas de química e estudar a história da Roma Antiga, mas saímos do ensino médio sem saber como funciona um cartão de crédito, o que é uma taxa de juros ou como montar um orçamento mensal.

O resultado? Uma geração de jovens que entra na vida adulta endividada, sem reserva de emergência e totalmente perdida quando o assunto é finanças pessoais.

De acordo com uma pesquisa do SPC Brasil, mais de 45% dos jovens entre 18 e 24 anos estão inadimplentes. Muitos começam a trabalhar cedo, mas sem o hábito de poupar, sem planejamento e muitas vezes afogados em compras por impulso.

A boa notícia é que nunca é tarde para mudar esse cenário. A educação financeira pode — e deve — começar desde cedo, e existem alguns hábitos simples, mas poderosos, que se aprendidos ainda na juventude, podem transformar completamente o futuro financeiro de uma pessoa.

Neste artigo, você vai descobrir 5 hábitos de educação financeira que todo jovem deveria aprender na escola, mas que infelizmente ainda não fazem parte do currículo tradicional. Se você está começando sua vida financeira agora, ou quer ajudar um filho, amigo ou parente a se preparar melhor, este conteúdo vai ser um divisor de águas.

1. Entender a diferença entre necessidade e desejo

Pode parecer algo óbvio, mas muitos dos nossos problemas financeiros começam exatamente aqui: confundir o que é uma necessidade com o que é apenas um desejo momentâneo.

O que é necessidade?

Necessidade é tudo aquilo que é essencial para a sua sobrevivência e bem-estar básico. Estamos falando de:

  • Moradia
  • Alimentação
  • Transporte
  • Educação
  • Saúde
  • Contas básicas (luz, água, internet)

E o desejo?

Desejo é aquilo que você quer, mas que não é essencial. Por exemplo:

  • Um novo celular, mesmo que o atual ainda funcione
  • Aquela roupa de marca só porque está na moda
  • Um lanche no delivery todo fim de semana
  • Um fone de ouvido mais caro “porque o som é melhor”

Saber diferenciar essas duas coisas é o primeiro passo para ter uma vida financeira equilibrada.

Como aplicar isso no dia a dia?

Antes de fazer qualquer compra, pergunte a si mesmo:

“Eu preciso disso agora ou só quero porque estou entediado, triste ou tentando me recompensar por algo?”

Uma técnica útil é a regra das 48 horas: viu algo que quer comprar? Espere 2 dias antes de decidir. Muitas vezes, você vai perceber que aquele desejo era passageiro.

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2. Aprender a montar e manter um orçamento pessoal

Se você não sabe para onde seu dinheiro está indo, é quase impossível ter controle sobre ele. Por isso, montar um orçamento pessoal é uma habilidade essencial que todo jovem deveria aprender ainda na escola.

O que é um orçamento?

Basicamente, é um planejamento onde você registra todas as suas receitas (ganhos) e despesas (gastos). Isso ajuda a visualizar para onde vai cada centavo e tomar decisões mais conscientes.

Como montar um orçamento?

  1. Liste todos os seus ganhos: salário, mesada, freelas, renda extra.
  2. Anote todas as suas despesas: transporte, alimentação, assinatura de streaming, cartão de crédito, etc.
  3. Classifique seus gastos:
    • Fixos: contas que você paga todo mês (aluguel, plano de celular, etc.).
    • Variáveis: compras esporádicas (delivery, lazer, roupas).
  4. Analise o saldo: o ideal é que você gaste menos do que ganha — o famoso “viver abaixo do que se ganha”.

Ferramentas para facilitar

Você pode usar:

  • Planilhas no Excel ou Google Sheets (há várias prontas na internet)
  • Aplicativos gratuitos como:
    • Mobills
    • Organizze
    • Minhas Economias

Essas ferramentas te ajudam a visualizar gráficos, categorizar gastos e até alertar sobre limites.

Uma dica prática: use a regra 50-30-20

Essa regra ajuda a dividir seus ganhos de forma equilibrada:

  • 50% para necessidades (contas básicas, transporte, alimentação)
  • 30% para desejos (lazer, compras pessoais)
  • 20% para investimentos ou poupança

Claro, essa divisão pode variar dependendo da sua realidade, mas é um bom ponto de partida.

3. Criar o hábito de poupar (mesmo ganhando pouco)

Muita gente acredita que só é possível poupar se estiver ganhando bem. Mas a verdade é que o hábito de poupar vem antes do valor que você ganha.

Se você não aprende a guardar R$50 por mês quando ganha pouco, dificilmente vai conseguir guardar R$500 quando estiver ganhando bem.

Comece pequeno, mas comece

Poupar é mais sobre disciplina do que quantidade. Se você ganha pouco, guarde o que for possível: R$20, R$30, R$50. O que importa é criar o hábito da constância.

Técnica: Pague-se primeiro

Ao invés de guardar “o que sobrar” no fim do mês, reserve um valor assim que o dinheiro cair na conta. Mesmo que seja pouco, priorize esse valor como se fosse uma conta obrigatória.

Automatize sua poupança

Você pode:

  • Criar uma conta separada só para poupança (em um banco digital, por exemplo)
  • Programar uma transferência automática no dia que recebe
  • Usar recursos como cofres virtuais (Inter, Nubank e outros oferecem isso)

Crie uma meta: sua reserva de emergência

Todo jovem deveria começar a construir uma reserva de emergência, que é um valor guardado para imprevistos como:

  • Problemas de saúde
  • Perda de emprego
  • Consertos urgentes

O ideal é juntar o equivalente a 3 a 6 meses do seu custo de vida mensal.

Um exemplo prático com juros compostos

Se você guardar R$50 por mês em um investimento com rendimento médio de 0,7% ao mês, em 5 anos você terá mais de R$3.600, com uma boa parte vindo dos juros compostos.

O segredo é o tempo + constância. Quanto mais cedo você começa, mais o seu dinheiro trabalha por você.

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4. Entender o básico de investimentos desde cedo

Poupar é essencial, mas deixar o dinheiro parado na conta ou até mesmo na poupança é como deixar uma planta sem sol: ele estagna. Por isso, é fundamental que os jovens aprendam desde cedo que “guardar” não é o mesmo que “investir”.

Investir é fazer o dinheiro trabalhar por você.

Por que investir?

O principal motivo é simples: inflação. Com o tempo, o dinheiro perde valor. Se você deixar R$1.000 parados na poupança por 5 anos, eles vão valer menos em poder de compra.

Agora, se você investir bem, esse valor pode se multiplicar. Isso é ainda mais potente quando entra o famoso juros compostos, o “efeito bola de neve” do dinheiro.

Tipos de investimento para iniciantes

Não é preciso começar com a Bolsa de Valores. Há opções seguras, acessíveis e com boa rentabilidade:

1. Tesouro Direto

É um título emitido pelo Governo Federal. Existem três principais tipos:

  • Tesouro Selic (ideal para reserva de emergência)
  • Tesouro IPCA+ (proteção contra inflação)
  • Tesouro Prefixado (juros fixos)

Com cerca de R$30 já é possível começar a investir.

2. CDB (Certificado de Depósito Bancário)

É como emprestar dinheiro para o banco. Alguns CDBs têm liquidez diária, o que é ótimo para quem ainda está começando.

Verifique sempre se o CDB tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

3. Fundos de investimento

Ideal para quem quer diversificar. Ao aplicar em um fundo, você está investindo em um conjunto de ativos gerenciados por um especialista.

Cuidado com as taxas de administração e performance.

4. Ações (renda variável)

Mais avançado, mas vale estudar desde cedo. Invista apenas o que estiver disposto a ver oscilar.

Use plataformas como NuInvest, XP, Rico, Clear e Inter Invest.

Como aprender mais sobre investimentos?

A internet é um mar de conhecimento gratuito. Algumas sugestões:

  • Canais no YouTube: Me Poupe!, Primo Rico, Nath Finanças, O Economista Sincero.
  • Livros: “Pai Rico, Pai Pobre” (Robert Kiyosaki), “Do Mil ao Milhão” (Thiago Nigro), “Os Segredos da Mente Milionária” (T. Harv Eker).
  • Simuladores: Tesouro Direto tem um simulador próprio que mostra quanto você pode ganhar com cada título.

Quanto mais cedo você entender o que são rentabilidade, liquidez e risco, mais preparado estará para fazer escolhas inteligentes.

5. Evitar dívidas desnecessárias e usar o crédito com inteligência

Cartão de crédito não é vilão — vilã é a falta de planejamento.

Muitos jovens se enrolam com dívidas porque vêm o limite do cartão como extensão da renda. Resultado: parcelamentos mal pensados, juros abusivos e nome negativado.

Entenda como funciona o crédito

Quando você usa o cartão, você está pegando dinheiro emprestado. Se não pagar a fatura inteira, entra no rotativo, um dos juros mais altos do mercado (podendo ultrapassar 400% ao ano).

Como usar o crédito de forma inteligente?

  • Evite parcelar em muitas vezes. Quanto mais parcelas, maior o risco de perder o controle.
  • Nunca pague o mínimo da fatura. Sempre quite o valor total.
  • Tenha um limite ajustado à sua renda. Se ganha R$2.000, não faz sentido ter um limite de R$5.000.
  • Acompanhe seus gastos diariamente. Use apps ou anote manualmente.

Use o cartão a seu favor

  • Cashback: alguns bancos oferecem dinheiro de volta por compras.
  • Milhas: ideal para quem viaja.
  • Controle de gastos: melhor do que usar dinheiro vivo sem saber onde foi parar.

Evite dívidas emocionais

Muitas compras são feitas por impulso, pressão social ou ansiedade. Aprender a reconhecer esses gatilhos é essencial para manter a saúde financeira.

Antes de comprar algo, pergunte:

“Isso está alinhado com meus objetivos financeiros ou é só um desejo momentâneo?”

Conclusão

Educação financeira não é um bicho de sete cabeças. Com informação certa e ação constante, qualquer jovem pode construir um futuro financeiro muito mais estável, seguro e próspero.

Recapitulando os hábitos:

  1. Saber diferenciar necessidade de desejo
  2. Ter um orçamento pessoal organizado
  3. Criar o hábito de poupar
  4. Aprender o básico sobre investimentos
  5. Evitar dívidas e usar o crédito com sabedoria

Se você é jovem e está lendo isso: comece pequeno, mas comece hoje. Cada pequeno passo conta.

Se você já passou dessa fase, compartilhe com quem precisa. Afinal, ninguém nasce sabendo lidar com dinheiro, mas todo mundo pode aprender.

Quer estar ainda mais preparado para dominar o dinheiro em vez de ser dominado por ele? Aqui vai três sugestões de artigos que vão fazer você estar mais do que preparado para dominar sua vida financeira: Cartão de Crédito: 7 Estratégias Para Aproveitar Benefícios Sem Se Endividar | Morar Sozinho: 10 Dicas Para Começar do Jeito Certo | 7 fontes de renda para complementar seu salário.

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